De onde vem a esperança?
Todas as
manhãs após a leitura do “No Cenáculo”, passo os olhos no jornal online. Numa
destas manhãs, a notícia era alarmante. A ministra da Saúde, Marta Temido,
comparou o momento trágico que passamos em Portugal a uma “guerra, e na guerra
é preciso disciplina”. O Covid-19 tem levado muitas pessoas a óbitos e
notícias como essas parecem minar a
nossa esperança. Ao mesmo tempo, esta
Pandemia fez com que mudássemos toda a nossa rotina e aprendessemos a reinventarmo-nos.
Certamente muitas indagações, hipóteses e afirmações foram feitas em relação a
toda esta situação: as pessoas precisavam parar um pouco para observarem o
quanto são frágeis; o mundo já não conhecia o amor, a solidariedade, o
respeito, atos de justiça foram se perdendo ao vento...
Por um
momento pergunto a mim mesma e a Deus: E agora? No canto da mesa encontro
algumas palavras de Mário Sergio Cortela: Algumas atitudes essenciais para uma
(re)invenção dos sentidos da Escola e as práticas pedagógicas... Ao debruçar-me
na leitura, percebi que essas atitudes permeiam um universo muito maior que o
“espaço escola”, trata-se de atitudes para reinventar a vida, ou melhor, uma
vida com compromisso.
A primeira
delas, refere-se à capacidade de estar permeável para a aprendizagem contínua.
Somos seres inacabados. Temos que nos
dispor a aprender continuamente. Cada dia uma aprendizagem. Cada dia uma
história diferente, com uma página da vida escrita de uma maneira. “Vida é um
processo, e o processo é contínuo”, nos lembra Cortela.
E agora? O
que aprendo com estas situações que vivemos há dias? Seria justo passarmos por
esta situação? Onde está o amor de Deus por nós? A minha fé em Deus permite-me
tornar público os meus questionamentos. As
minhas mãos seguram o meu queixo, como quem está perdida à procura de uma
resposta. Vem à mente uma aula que tive lá pelo ano de 2004. Entre algumas descobertas do pensamento do
teólogo Paul Tillich uma delas ajudou-me no complexo sentido de justiça: o
amor. Não há justiça sem amor. Justiça sem amor é vingança.
De repente
a esperança surge. Fecho os olhos e imagino as manchetes dos jornais de amanhã.
Percebo que não posso mudar muitas coisas, mas posso continuar a exercer os
meus atos com amor. Lembro-me que a questão da justiça é um aprendizado contínuo.
Somado a tanta gratidão a Deus, coloco especialmente neste tempo a
sensibilidade que Ele concede. Oro por tantas questões que para mim parecem
inatingíveis, mas na certeza que Ele as conhece muito bem. Percebo que Deus renova a fé, a esperança e o
amor. Um não caminha sem o outro. Abro a Palavra escrita pelo profeta Jeremias
e renovo a minha esperança de que dias melhores virão, pois assim diz o Senhor:
“sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, planos de fazê-los
prosperar e não de causar dano, planos de dar a vocês esperança e um futuro”.
Jeremias 29:11.
Abraço fraterno,
Pastora
Patrícia Marques