Chamada ao Discipulado
O TEXTO
Mateus 4:18-22
(leia
também Lucas 5:1-11; Mateus 9:36–10:1)
RELER
O texto de Mateus 4:18-22
apresenta-nos a Vocação dos quatro primeiros Discípulos. Em alternativa ao seu
trabalho quotidiano surge um novo desafio. Ao invés de pescar peixes, são
chamados a ser pescadores de homens. Este novo desafio é apresentado por Jesus.
Em Mateus 9:36 e 10:1 encontramos a
contrapartida da Chamada. Jesus vê a multidão que está “como ovelhas sem
pastor”. Estas duas realidades são apresentadas nestes textos. De um lado, a
Chamada à Missão; de outro, a necessidade de pessoas para realizar esta Missão.
De um lado o envio, de outro, a necessidade!
COMPREENDER
É importante perceber o lugar em que
se encontram estes dois textos do Evangelho de Mateus. O primeiro prepara os
leitores para o Sermão do Monte. À Chamada para o Discipulado seguem-se as
orientações do que é ser um verdadeiro Discípulo. O segundo texto é uma introdução
ao Ensino sobre as dificuldades e as características da Missão. O elo comum
entre estes dois textos é o da Chamada ao Discipulado que exige compromisso.
Este compromisso manifesta-se como um compromisso com o Reino de Deus e a sua
Justiça, apresentada no Sermão do Monte. É também um compromisso com a Missão,
os seus desafios e as suas dificuldades.
Este compromisso requer opções
radicais e nem mesmo a família pode ser mais importante que a Missão. Neste
contexto, a prática de vida dos cristãos não pode seguir o modelo de outros
grupos, que apresentam outras soluções para os compromissos da vida. Por isso,
os Discípulos devem fazer com que a sua Justiça exceda a dos fariseus e
publicanos. Uma pergunta poderia ajudar-nos a entender o significado deste texto
para as comunidades cristãs no primeiro século: – o que significava este
texto para a comunidade de Mateus?
A comunidade de Mateus viveu fora da
Judeia após a destruição do Templo de Jerusalém, no ano 70. Com a destruição do
Templo, os fariseus reorganizaram o Judaísmo, tornando-o extremamente rigoroso
no que diz respeito às leis e práticas farisaicas, ameaçando de expulsão todos
aqueles que não seguissem as suas normas. Com isso, a comunidade – que já não
tinha pátria, – viu-se ameaçada de perder também a sua identidade cultural
devido à sua Fé em Cristo.
Os textos levaram àquela comunidade um
desafio. Os seus próprios irmãos (judeus) esforçavam-se por vê-los renegar a
Cristo. Em qualquer momento, o compromisso da Fé que o Cristianismo coloca é radical.
Nenhuma pessoa, instituição ou qualquer outra coisa pode ser colocada acima dos
compromissos que o Reino coloca.
CONTEXTUALIZAR
Vivemos num período em que os
conceitos de Missão, Discipulado e compromisso com o Reino já não despertam
tanta paixão. Muitas vezes, os olhos estão como que turvados para descortinar a
Seara, que é grande em comparação com o número de trabalhadores. Perante este
quadro torna-se fundamental resgatar as lições que estes textos trazem.
A Chamada ao Discipulado, o compromisso
com o Reino, as mudanças radicais no modo de vida que este compromisso coloca,
constituem-se como alicerce da vida cristã.
Com isso, somos levados a questionar a
nossa prática de vida nas igrejas, no lar e em todos os momentos do nosso
viver. Do mesmo modo, somos desafiados a analisar tudo o que se opõe à nossa
Fé, levando-nos a negar a Cristo.
REFLETIR
O que é que os textos bíblicos me dizem?
Estou eu disposto a deixar tudo para seguir a
Cristo?
Será que a minha vida e o meu testemunho honram aquele
que me chama para o seguir?